Assim como toda cidade Carthagian possui suas histórias, as suas lendas e mitos. Esses “horrores” influenciaram na cultura da sociedade. As lendas que mitificam Carthagian está acerca de lobisomens e vampiros, influenciando nas gangues locais que utilizam de diversos brasões, simbologias e outros objetos místicos, assim como a bruxaria antiga. Tudo isso é resultado do que historiadores da cidade chamam de “Brumas de Sangue”, período que caracteriza os adventos de 1730-35.
A LENDA DESMITIFICADA
Esse período, nos estudos históricos dos mortais, ou Normus, trata como um movimento revolucionário, uma insurreição camponesa que coincidia com a tomada de campos pela burguesia para os primeiros passos de industrialização da cidade, provocando movimentos intensos nos campos com muitas mortes. A discussão gera inúmeras teses, baseando-se em concepções marxistas na questão de lutas de classes do operário e proletariado para justificar o movimento, sendo um dos inúmeros ensaios revolucionários que amadureceria com a Revolução Francesa em 1789.
A verdade por trás disso, “mascarando” a verdade por trás dessas insurreições tão discutida nos meios acadêmicos – claro que por intermédios da Família que busca cada vez mais manter os Normus longe da verdade que foi a “Bruma de Sangue” de 1730-35. O que realmente houve foi uma proliferação de vampiros pelos Abraços demasiados. Sem o controle da situação os ataques passaram a ser maciços, e num período onde a Igreja detinha certo poder a Inquisição se fazia presente, era um risco aos segredos da Família. O evento de Languedec foi um marco na tragédia da Família.
Através de um Conclave realizado na cidade de Praga em 1733, as leis da Família foram mais uma vez reforçadas, discutindo-se sobre os Abraços que estariam ocorrendo de maneira irresponsável e que colocavam a Família semelhante ao que houve na Corte Cátara e permitiu a Igreja um breve conhecimento sobre sua existência. A concepção de “mascarar-se” mediante a sociedade era uma medida há muito tomada pela Família, não sendo tão imposta como seria naquele momento.
Estabeleceu-se, com a presença dos mais influentes líderes das principais cidades européias do período que nenhum Abraço seria permitido sem uma formalização junto ao seu Priscus, sendo que a permissão seria dada formalmente pelo Regente na Corte – em alguns casos já liberado pelo Priscus da Casta, ou bando. O Abraço sem a permissão estaria sujeito ao sacrifício do Infante, e em alguns casos também do Sire. As “Brumas de Sangue” caracterizou-se pela forte presença de Bastardos, Diablerie. Qualqul aquele que conceder o Abraço e abandonar, sendo descoberto, seria executado.
A partir de 1734 essa guerra à margem daquela acreditada pelos Normus ganhou força, com Guardiões contendo a anarquia crescente e as mortes de diversos camponeses. O conflito ganhou proporções trágicas envolvendo o território Lycan e dando início um conflito sanguinolento – que aparece em algumas teses acadêmicas sustentando os mitos e lendas urbanas de Carthagian, sobretudo no Vale Verde. De modo garantir a sobrevivência das duas espécies, um acordo de coexistência foi criado, garantindo territórios do vale para os Lycans que existia desde tempos remotos. Behruz, então um dos conselheiros Vrykolakas foi o representante da Família. Seria permitido aos Lycans a caça de vampiros que invadissem seu território, alémd e passagem livre no centro comercial da cidade desde que não apresentasse ameaças à Família – uma vez que muito de suas famílias viviam no centro da província. E de modo a garantir a sobrevivência destes, criaram uma trégua e lutando ao lado da Corte na disseminação dos Bastardos, além da luta contra a presença de Inquisidores que se mostraram presente no evento e sendo também uma ameaça a Tribèin.
Em 1735 a guerra chegava ao fim, e o status quo estabelecido. O evento acabaria por se tornar um dos grandes marcos históricos da cidade, diversas obras artísticas e literárias – ajudando na inspiração de uma obra irlandesa.
TABUS NORMUS
Os estudos de Alexandru Demetrius foram iniciados em razão de uma pandemia de vampirismo ocorrido entre os anos de 1730-35 em diversos Estados europeus. Embora o acontecimento tenha sido demasiadamente relatado, foi convenientemente esquecido, tornando-se parte de um folclore e alimentando a lenda acerca dos vampiros mais direcionados para a então crença cristã de Inccubbus que verdadeiramente sua gênese. A ação da Igreja fora imediata, utilizando a Santa Inquisição como meio de reprimir essa ação herética e contendo parte dos estudos do próprio Demetrius que, por intermédio de alguns nobres, não foi condenado também por heresia em razão de suas pesquisas.
Com a Igreja perdendo sua força e influência ao longo do século XVIII, o que Demetrius chamou de Aera Sanguen foi tratado por diversos reformistas e outros intelectuais como uma mera “ação justificável contra a apostasia que tomava a sociedade cristã”, além de ser uma iniciativa de “extinguir o malefício que corrompia os homens de bem”. Entretanto, as revoluções ocorridas na segunda metade se encarregaram de apagar esse fato da historiografia mundial, tornando-se apenas assuntos corriqueiros de folhetins (jornais da época) até serem simplesmente esquecidos.
É interessante ressaltar que suas pesquisas serviriam de base para diversos estudos e uma nova perspectiva quanto à lenda de vampirismo e sua fuga de similaridade com Inccubus da concepção cristã. Para Alexandru a gênese tem sua fundamentação ainda na Antigüidade, mais provavelmente na Suméria e na Mesopotâmia – ainda que afirmasse que a história poderia partir ainda nos primórdios da humanidade a partir da lenda hebraica de Lillith, aquela que seria verdadeiramente a “mãe” de toda humanidade e amaldiçoada por Deus. A associação está ligada com a lenda mesopotâmica de Lamastu (ou Lamashtu), um demônio que caçava nas noites e estar associado à imagem de uma mulher, muito proeminente em alguns textos Judeus ligando à Lilith.
Segundo manuscritos antigos reunidos por Demetrius, Lillith era tanto uma predadora como também reunia habilidades de persuasão, seduzindo homens que ou sucumbiam à sua sede de luxúria levando-os à morte ou simplesmente os deixavam doentes o suficiente para sustenta o mito de Succubus. Uma crença da Era Medieval sustenta que aquele dotado de um amuleto que contivesse o nome dos três anjos (Sanvi, Sansavi e Samange-laf) estaria protegido contra a ira de Lillth. As similaridades com Lilith estendeu por folclores de várias culturas: na Grécia Antiga associando-a a Lamia e à Baobhan, do folclore celta, na Índia com Rakshasa e Vetal.
Contudo, foi no leste europeu que melhor encontrou fontes que assimilassem á concepção de Inccubus na sustentando pela cristandade do ocidente pelos Vrykolakas e os Strigoi. Relativizando as duas espécies, Alexandru constatou, através de suas pesquisas e estudos anteriores, tratavam-se de mortos sucumbidos à maldição de Lilith, fosse pela sua luxúria, como os Strigoi, ou os “adoecidos” que gradativamente perdiam sua essência humana, como os Vrykolakas. Ambos eram criaturas amaldiçoadas, mas diferenciando-se de o primeiro, tomado pela paixão e desejo da Mãe Sombria, após saciarem sua Fome teriam novamente as características que permitiriam misturar-se aos mortais, diferente do segundo que foram abandonados e definharam gradativamente a ponto de sua humanidade ser corrompido o suficiente para denegrirem suas imagens.
Por pouco mais de 20 anos Alexandru Demetrius pesquisou sobre a genealogia dos vampiros, desenvolvidos estudos que promoveu inclusive a ira do cristianismo devido a sua exumação de corpos para estudos que o levou a ser acusado de heresia em razão da cientificidade de seu conteúdo para sustentar as teorias acerca dos Strigoi e Vrykolakas. Muitos relatam que as pesquisas se tornaram uma obsessão para Alexandru, levando a isolar-se em sua propriedade até desaparecer em 1759. Não existe qualquer confirmação sobre o paradeiro de Alexandru desde aquela noite de Todos os Santos.
O estudo pela genealogia dos vampiros havia se tornado uma obsessão para Alexandru Demetrius, dedicando-se um pouco mais de duas décadas em busca de todo e qualquer vestígio que pudesse levá-lo compreender essas criaturas profanas. A violação de uma tumba por pouco não o levara aos tribunais da Santa Inquisição por defender a cientificidade de suas teorias descoberta no Leste Europeu acerca daquilo que chamou de Linhagens Strigoi e Vrykolakas. A sua condenação somente não fora aprovada pela intervenção de um influente nobre da província austríaca chamada Carthagian.
O nobre Lothar “O Magnífico” era grão-duque da Casa Habsburgo, sendo o regente da pequena província de Carthagian. Entretanto, estava em Viena quando teve conhecimento de Demetrius, As acusações sobre ele quanto às suas “heresias” chamaram a atenção de Lothar, sobretudo quando aquele homem apresentou fundamentos sólidos suficiente sobre a Genealogia da Família e teorias acerca das linhagens e despertando total interesse pelos documentos da qual reunira. Desde então ofereceu sua proteção, desde que o mantivesse informado acerca do desenvolvimento dos trabalhos e pesquisas, mas mantendo todo o processo em total sigilo.
A discrição de Lothar para com Demetrius era somente uma razão: divergência política. A atmosfera política em Carthagian não estava favorável à sua regência, e nada era relacionado á sociedade mortal da província e sim coma Corte da Família dos próprios Amaldiçoados da qual Alexandru tanto buscava reunir as respostas. Lothar era Príncipe desta Corte, um prestigiado e renomado Membro da Casta Strigoi. Ou ao menos era até abdicar sua Linhagem e reunir-se à Irmandade de Nod na busca do Primórdio, da genealogia das Castas, ou Linhagens como assegura Alexandru Demetrius. Entretanto, nem mesmo os Membros da pequena casta tinham conhecimento da relação de Lothar com o mortal.
A ASCENSÃO DO CONSELHO
No ano de 1850 a cidade sofreria um novo baque, sendo não necessariamente na sociedade Normu, mas restritamente à Família. Conflitos na Corte provocaram forte instabilidade em sua política. Lothar, O Magnífico, como era reconhecido o Regente da família Habsburg, após quase seis décadas frente a Corte dera início uma crise. A tensão se tornara crescente, com intrigas e conspirações nos corredores do poder ganhando proporções excepcionais que resultaram em seu desaparecimento e inúmeros suspeitos que eram alimentada pelo veneno das Primas, as mexeriqueiras da Corte.
A Corte de Carthagian estava imerso em intrigas e conspirações. De um lado estava os Strigoi, descontentes com a perda de influência política e social de Carthagian e sendo submetido às inúmeras restrições políticas em pró da Irmandade de Nod e se tornando alvo de chacotas da Casta Vrykolakas quanto “à perda de privilégios da realeza”. Entretanto, estes tão logos conflitaram com a política de Lothar devido às caçada aos Membros de seus bandos por “infração de territórios” até então pertencentes aos Vrykolakas. As conspirações contra Lothar cresciam na Corte, gerando tensão nas Convenções das Castas e surgindo inúmeras ameaças veladas que resultaria na suspeita morte de Lothar na Sala do Trono de <nome do palácio>.
Diversas coincidências ocorreram na madrugada em que Lothar fora morto em sua sala. A convocação de Behruz, líder dos Vrykolakas havia sido convocado pelo próprio Regente a se apresentar diante da Corte para um julgamento pela violação das Tradições e pelo ataque em suas propriedades infringindo a demarcação de território até então pertencente à Casta. Não haveria a participação da Convenção no julgamento, uma vez que a mesma havia sido dissolvida por Lothar uma noite antes que irritara sobretudo os Strigoi pela perda de voz política na Regência de Carthagian. Mesmo a Irmandade de Nod voltava-se contra Lothar ao desmascará-lo quanto ao ataque e documentos encontrados na carruagem até então enviados por Alexandru Demetrius que se perderam naquela fatídica noite de Todos os Santos, quando sua carruagem foi atacada a caminho de Carthagian em meio ao Vale Verde. A viagem revelaria a Lothar a fatídica descoberta acerca dos Primórdios da Família e uma genealogia oculta que envolvia a própria Carthagian. Porém, o Regente jamais a recebeu.
O SEGREDOS DOS PRIMÓRDIOS
Em seu diário Alexandru Demetrius fazia inúmeras anotações acerca de suas pesquisas. Consta naquelas páginas os primeiros registros acerca dos Strigoi e Vrykolakas, dos mitos acerca das linhagens no Leste Europeu da Era Moderna com as lendas medievais da Mãe Sombria Lillith com o talismã dos três anjos. Entretanto, foi um pingente antigo encontrado em uma de suas exumações que quase o condenaram que chamara sua atenção: um crucifixo de característicos dos Bálcãs com a inscrição de duas linhagens que encontrara e um terceiro até então desconhecido: Vlokoslak.
Não existe uma genealogia dos Vlokoslak, nem mesmo existe qualquer menção nos documentos antigos encontrados por Demetrius. O mais próximo conhecimento obtido tinha similaridade com as duas linhagens da qual já estudava, exceto por algumas particularidades não existentes nos Strigoi e Vrykolakas: Auspícios. A mitologia dos vampiros nos Balcãs era diferenciada num aspecto mais “psíquico” dos vampiros, além de uma resilência mais abrangente que permitiam suportar o dia e não causando um frenesi como daqueles das lendas ainda que as exposições diretas ao sol os matassem.
Embora não houvesse registros oficiais como das outras linhagens, as inscrições no crucifixo balcânico indiciavam uma escritura suméria, da qual Demetrius identificou similaridade com conceito de “Clã”, assim como identificava para os Strigoi e Vrykolaska. Não somente isso ele identificou que estes eram subjugados pelo primeiro, sendo os escolhidos para os ritus. As informações se perdem, vindo encontrar uma simbologia de guerra oculta no ano de 2500 a.C. Toda e qualquer inscrição depois desse século não havia qualquer referência para os Vlokoslak.
Caso suspeitas estivessem certas sobre aquela leitura vaga, aquele “clã” havia sido extinto num conflito velado há milhares de anos, possivelmente pelas duas outras famílias que ao longo daquele tempo reinou no antigo Império Sumério antes de um cisma que os levariam estabelecer-se em Rima (Strigoi) e Grécia (Vrykolakas), fontes dos conhecimentos das duas linhagens conhecidas. O que Demetrius pudera concluir é que havia uma terceira Linhagem de vampiros, mas que esta não haveria de ter sido realmente extinta devido aos vestígio na Idade Média encontrada acerca de suas lendas nos Balcãs.
O conhecimento de alguém na busca da genealogia da Família é preocupante, sobretudo quando em sua persistência consegue informações que revelem suas identidades quando almeja deixá-la escondida nas sombras. Embora estejam em completa desvantagem em relação aos seus outros “irmãos” os Vlokoslak sabem que possuem vantagens que os limitam em sua caçada. Não eram eles os verdadeiros herdeiros da Mãe Sombria que há muito os subjugara? Um dia foram caçados quando buscavam ser o equilíbrio entre as duas Linhagens, agora seriam eles os caçados e era preciso deixarem acreditar que haviam sucumbindo a mais pura Linhagem.
Os olhos recaíam sobre a Irmandade de Nod, tão sedentos pela “verdade” oculta que acreditam se esconder no passado. Os Antigos muito favoreceram em sua ocultação ao longo dos séculos, apagando todos os vestígios de existência da terceira Linhagem e deixando a Prole ignorante quanto aos Primórdios. A razão era desconhecida até pelos Vlokoslak, mas não importava sobre que propósitos mantinham aquele segredo. Embora despertasse o interesse daqueles que ousavam ser uma terceira “Casta”, a maior preocupação recaiu sobre um mortal tão sedento em reunir uma genealogia de lendas superficiais de uma crendice popular... Até encontrar em escrituras cuneiformes Sumérias a ligação dos “clãs” do Império. A Igreja não respondera aos seus anseios, e permitiu que Lothar, um Strigoi tivesse parte de conhecimentos que seus “irmãos” da Irmandade jamais alcançaram.
Por século se mantiveram ocultos, e pela primeira vez em milênios sentiam-se ameaçados. Uma nova Grande Caçada poderia surgir, e era preciso destruir aquele que viria revelá-los. Porém, mesmo aquele que representava uma ameaça também oferecia aquilo da qual julgavam há muito perdido. Até onde aquele mortal haveria chegado para alcançar tamanhos segredos? Mais do que saber daquela linhagem era apontar o destino do mais predestinado Membro da Linhagem Vlokoslak, apontando todas as direções para a pequena província austríaca de Carthagian.
Uma fuga no meio da noite, a carruagem quebrando o silêncio nas ruas de pedras alcançando o caminho de terra. Uma corte meio a intrigas e conspirações instigadas pelo veneno de Harpias que apenas alimentavam uma eminente guerra. As respostas de Demetrius quanto aos Primórdios, há muito buscado pela Irmandade de Nod, estavam prestes a ser de seu conhecimento se não fossem os malditos Vrykolakas em atacar aquela carruagem. Os documentos que o mortal traia revelariam sua traição às Tradições e à Irmandade, e os Strigoi seriam os primeiros juízes de sua punição como principais membros do Conselho. A dissolução fora uma atitude desesperada, criando verdadeiramente piores inimigos.
CONCLUSÃO...
Tantos acontecimentos coincidiram com o surgimento de uma terceira Linhagem. Os Vloskolak era uma linhagem considerada extinta pelos antigos, com seu nome sendo um tabu para a Família, vindo a surgir no momento mais delicado na política da Família. Os pecados de seu passado foram jogados, revelados a alguns poucos, e em 150 anos não são aqueles de maior representatividade na Família, sendo pouco presente na Corte – e nem mesmo conhecido em outras, sobretudo nas americanas. São aqueles que despertam repulsa pelos Strigoi e Vrykolakas, e indiferença pelos Hereges da irmandade de Nod que apenas os vêem como forte Libru Antiquu sobre os Primórdios que tanto anseiam descobrir.